[Ed. #27] bONG: Galo Doido Roda no Beck e na Bola!

por Marco Hollanda

O futebol é paixão nacional. Só quem já sentiu aquele frio que toma conta da  barriga no momento de subir a rampa que dá acesso à arquibancada pode entender essa emoção. Acrescente a esse espetáculo um cone de marijuana capaz de deixar o melhor dos Rastafáris nas nuvens. Esse era o clima para o clássico Atlético Mineiro x Flamengo de uma quarta-feira de céu estrelado em Belo Horizonte.

História perfeita para o Adão e Erva? Não mesmo! O leitor assíduo do Hempadão já deve saber que os casos relatados nesta coluna terminam sempre em bad trip. Chega de enrolação (até porque o beck de hoje já tá apertado) e vamos aos fatos.

Morador de um bairro da periferia de Belo Horizonte, nosso personagem decidiu queimar a erva antes de atravessar os portões do Mineirão. Quem mora em bairros com pouca infraestrutura sabe que é fáci l encontrar um beco pouco movimentado para fazer aquela fumaça. E foi assim que foi feito naquela noite.

A roda formada apenas por atleticanos que esquentavam o clima do jogo de logo mais já estava nas últimas tragadas. Como se brotasse do chão, uma Blazer aparece com o farol alto batendo de frente com as pupilas dilatadas da galera. Dela saem três PMs furiosos. Um dele já dispara: “mãos na cabeça, cambada de atleticano safado”. Era tudo qual faltava para ser a pior das duras. Além de serem flagrados com a hempa na botija, tiveram o azar de tomar a dura de uma guarda cruzeirense. Quem conhece um pouco sobre a rivalidade entre as torcidas já imagina o tamanho do agravante.

O ataque da Guarda Negligente começa com o tradicional sermão carregado de ofensas morais e o interrogatório sobre a erva maldita. Diante de uma resposta negativa, o ataque parte para as agressões a base de socos e cacetadas. Passados cerca de 40 minutos, a guarda ‘convoca’ nossos personagens para um passeio na viatura até uma região ainda mais afastada. O ataque da guarda foi concluído com mais seções de ofensas e socos.

Para que a noite não terminasse em total bad trip, a galera decide seguir o planejamento feito antes de rodar. Tomaram o caminho do Mineirão (precisaram de dois ônibus) e chegaram ao estádio no final do primeiro tempo com Atlético vencendo o jogo. Só que na segunda etapa, para desespero da torcida local, o Galo tomou uma virada do Flamengo. A noite não podia ser pior para os nossos personagens: tomaram uma dura de guardas cruzeirenses e ainda assistiram o time do coração perder dentro de casa. Um dia para Adão apagar da memória.