sexta-feira, 7 de agosto de 2009

[Ed. #23] bONG: Encontro no Globo – Legalização das Drogas!

por Marco Hollanda

O bONG de hoje é especial. Na noite da última quinta-feira a equipe do Hempadão marcou presença no debate promovido pelo jornal O Globo sobre a legalização das drogas. O evento, mediado pelo jornalista Arnaldo Bloch, girou em torno de duas personalidades de diferentes escolas do mundo das drogas. De um lado estava Ethan Nadelmann, fundador e diretor-executivo da Drug Policy Alliance. Do outro estava Maria Thereza Aquino, Diretora do Núcleo de Estudos em Atenção ao Uso de Drogas (Nepad) da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Para quem está com a mente um pouco esfumaçada, Ethan comanda a mais importante instituição norte-americana de oposição a bilionária guerra contra as drogas. Com a chegada de Obama a Casa Branca, a tese defendida por ele ganhou ainda mais força e respeito. Já Maria Thereza Aquino atua no relacionamento direto de usuários de drogas que procuram ajuda médica para se livrar do vício. Trabalhando em áreas tão distintas, já é de se esperar que os dois não tenham a mesma opinião a respeito da Legalização da Maconha.

Pois foi justamente o que aconteceu. Ethan construiu sua defesa destruindo todos os argumentos defendidos por aqueles que acreditam que a criminalização das drogas seja o melhor caminho. De início ele já alertou aos proibicionistas que não estava ali para apoiar o ‘liberou geral’. “Não defendo a ideia de que as drogas sejam vendidas livremente. Mas precisamos reduzir o papel judicial e penal sobre a essa política”, disse Ethan.

O chefão da Drug Policy Alliance declarou ser contrário ao uso do termo legalização. Para ele, tal expressão cria uma imagem de que os defensores desta tese desejam apenas um ambiente de liberdade para consumir maconha sem medo da repressão. Por isso Ethan levanta a bandeira da “regulamentação”. Palavra com um peso jurídico maior, deixando claro que tudo deve ser feito através da criação de normas  de conduta para aqueles deseja fumar o seu baseado de cada dia.

O discurso de Ethan ainda desmistificou certas teses. Uma delas, bem famosa, foi apresentada pela Diretora do Nepad. É aquela de que a maconha ficou mais perigosa devido ao aumento do nível de THC encontrado na Santa Maria. Mas valendo-se de experiência própria, Nadelmann lembrou-se de casos do passando em que afirma ter ficado chapado apenas com uma tragada, provando assim que o nível de thc não determina o mal que o consumo irá fazer. Usando ainda essa tese, ele ainda lembrou que “em um ambiente onde a maconha fosse legalizada, o  usuário poderia saber facilmente o nível de THC do que estavam consumindo. Tudo estaria descrito no rótulo da embalagem”.

Enquanto isso, a trajetória de vida de Maria Thereza a leva de encontro a uma visão mais conservadora. Apesar de aceitar que o usuário não é necessariamente um doente, ela dispensa a ideia do uso recreativo e acredita que o consumo de drogas e motivado pela “solidão e pelo sofrimento humano”. Defensora da política de repressão, Maria teve um momento poético ao afirmar que “a maconha é assassina de destinos”. Apesar disso, Maria se mostrou contrária a qualquer tipo de punição criminal ao usuário. Para ela o caso deveria ser de responsabilidade do Ministério da Saúde.

O já conhecido Renato Cinco, sociólogo e organizador da Marcha da Maconha no Rio, compareceu, fez a primeira pergunta destinada aos leitores, e ainda conversou com a equipe do Hempadão na saida do evento. Questionado sobre a Pergunta da semana passada – “em quanto tempo o Brasil vai legaliar?” – levando em conta as diretrizes apontadas durante a palestra, Cinco se mostrou confiante, assegurando que a caminhada está no rumo certo. Mesmo querendo evitar um chute numérico, o sociógo confessou que, dentre as opções, escolheria a primeira, com margem de erro para a segunda: 1 a 5 anos ou, no máximo, 6 a 10. A impressão que ele teve do debate, assim como um breve resumo do discurso de cada participante, você acompanha aqui:

*as fotos que ilustram a matéria são do Sobredrogas

8 comentários:

  1. Parabéns a Marco Hollanda e ao Hempadão por divulgar de forma tão rápida e eficiente o que ocorreu no debate. Será que o Globo vai divulgar o debate na íntegra?! Estavam filmando?! Estou curiosa para saber mais detalhes do evento.

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  2. O Renato e outro que representa !! ae tambem queria ver o video do debate na integra!!
    Novamente muito bom o blog!!

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  3. Mandaram muito bem! Parabéns ao blog. Além de roportagem bacana bacana em texto, entrevistas exclusivas...bom demais!

    Sem dúvida esse é um espaço importantissimo pra jogar luz o debate tão enfumaçado...

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  4. Interessante, ótimo!

    não sei se vocês ja viram esse artigo da Revista Super interessante mais estou lançando aí:
    http://super.abril.com.br/ciencia/verdade-maconha-443276.shtml

    É grande, é! Mais me respondeu varias perguntas!
    :x

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  5. É grande mas de 2002 pra cá deu pra tempo de ler...hehehe

    =]

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  6. aheueahuae, só li pq estou no trabalho, e fiquei impressionado disso sair em uma editora grande como a : Abril
    (como esse brasil é né ¬¬ )


    abraços

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  7. hey .. vcs taão ficando chique em hahuauhauha

    CADA DIA MELHOR!!
    PARABÉNS

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  8. Muito boa a cobertura do debate (twitter), é bom marcar presença mesmo. Não sabia que o movimente a favor da legalizaçao era tão forte, que bom. Pelo jeito o Obama esta se mostrando um grande aliado. Continuem assim! Continuem nos informando, informaçao é tudo.

    Grande abraço!

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