[Ed. 26#] DiscoveryHemp: Manipulação e Transgenia!

por Dr. Moura Verdini

O ser humano é rapidamente identificado por algumas características que o tornam especial. Dentre elas, a brilhante capacidade de perceber os problemas ao seu redor e inventar soluções criativas a partir de um conhecimeno prévio obtido pelo acúmulo de experiências. Um objetivo central para todo ser vivo é a manutenção de um balanço energético favorável, ganhando mais energia com a alimentação do que o gasto na busca por alimentos. Quando o homem deixou de ser nômade e passou a formar sociedade, este problema começou a ser resolvido a partir da domesticação de algumas espécies de animais e plantas. Com o acúmulo de experiências e conhecimento sobre o funcionamento das leis naturais, o homem pôde melhorar essas culturas para um melhor aproveitamento de suas características benéficas em detrimento daquilo que é desnecessário ou prejudicial.

A maconha é  uma das muitas plantas que foi domesticada pelo homem , e suas qualidades podem ser utilizadas de forma a garantir o cumprimento de muitas necessidades humanas. Uma forma básica de manipular vegetais é o cruzamento entre linhagens selecionadas de modo a garantir um aumento ou diminuição de determinada característica que se queira controlar. No caso da maconha, o homem pode selecionar as linhagens com maior quantidade de THC e entrecruzá-las, para se gerar um híbrido com ainda mais quantidade de THC e outras substâncias psicoativas. Isto, de fato, é feito e muitas das variedaes que nós conhecemos hoje, como o skunk, por exemplo, nasceram de cruzamentos entre linhagens selecionadas. Da mesma forma que podemos aumentar a concentração de canabinóides, podemos também diminuir a sua concentraçào através do cruzamento de linhagens com baixo teor de substâncias psicoativas.

Há algum tempo atrás, na Rússia, um aumento da necessidade da produção de papéis e fibra para a confecção de roupas, além do potencial uso alimentar fez com que cientistas pesquisassem uma forma de aumentar a produção de fibras de maconha. Porém, havia a preocupação com um possível aumento do uso da erva como substância psicoativa. Por isso, os cientistas cruzaram linhagens tentando obter híbridos que garantissem uma alta produção de fibras e que tivessem baixas concentrações de canabinóides. O resultado foi a criação de três linhagens de  híbridos, que garantiram um aumento na produção de fibras e um teor de THC mais de 5 vezes menor do que o comum em Cannabis sativa.

Um outro objetivo que pode ser contemplado com esse tipo de hibridização é um aumento na resistência a pestes e a pesticidas. Hoje em dia, com o aumento da tecnologia, temos outras formas de manipular os organismos. Uma dessas formas, que por sinal é bastante discutida e controversa, é a transgenia, ou seja, tranferência de genes de uma espécie para outra, com o objetivo de que o receptor dos genes expresse determinada característica. Poderíamos, dessa forma, criar linhagens com mais ou menos THC, maior produção de fibras, mais resistência a pragas e a pesticidas. Poderíamos ter plantas com crescimento mais rápido. Porém a transgenia tem diversos inimigos e vários pontos contra, como possíveis danos ambientais e à saúde, além da forma como grandes empresas se apropriam de uma tecnologia cara para oprimir pequenos produtores. Bem, a questão é bem longa e não cabe ser discutida agora. Os trangênicos são uma realidade e consumimos muitos produtos. Portanto, é importante que estudemos do que se trata e que estejamos bem informados sobre o assunto. Segue uma pergunta então:

Você  fumaria um baseado apertado com maconha transgênica, com uma quantidade muito maior de THC do que o normal?