terça-feira, 11 de agosto de 2009

[Ed. 24#] Chapa2: Por Aqui – Rio de Janeiro

POR AQUI _ Série de Reportagem! Passagem de bola rápida aqui de volta para o Hempadão onde a tragava é profunda nessa seda verde em que a gente acocha a sabedoria. Primeiro foi a vez do Pietro dizer como funcionava o consumo da Santa Maria lá da Califórnia, depois da gringa a brasa caiu diretamente na boca do Filipeta da Massa, que representou falando lá de  Pernambuco! Como combinado, o Chapa2 entra nessa roda para falar sobre a Cidade Marabilhosa, dificílima tarefa de, em apenas um texto, abordar a história do Rio de Janeiro em relação a cannabis sativa.

Para começo de conversa o papo pode ser geográfico. Quem já veio ao Rio sabe que o relevo acidentado pode servir como perfeito “acidente social” na boca de politiqueiros. Acredito que a maconha tenha chegado aqui muito antes de morros e favelas, pois devemos considerar quilombos, senzalas e terreiros, tal qual nordeste. Por falar nele, grande parte de seus emigrantes constituiram então as comunidades carentes, que no Rio são particularmente acopladas ao convívio urbano. Nesses pontos estão os verdadeiros distribuidores de drogas ilegais, patrocinado pelo consumidor e legitimado pelo Estado.

Nos apartamentos da Zona Sul – a parte rica da cidade – quem não planta, aproveita o luxo de um disk-drogas pra lá de confiável. O preço varia muito. Nele está incluso centenas de fatores agregados e aí se inclui até mesmo o risco que se tem para conseguir, afinal, de mão em mão vai ficando mais caro. Muitos são os usuários que nunca se quer chegaram a subir o morro para comprar Marijuana. Esses preferem pagar mais caro, mas não correr riscos. Fica na mão dos mais desfavorecidos fazer missões diárias, se arriscando perante a guarda. Vale lembrar que o Rio tem a polícia mais violenta do mundo, ou pelo menos a que mais mata, o que sem dúvida significa uma badtrip constante para quem está diretamente exposto.

Mas nem tudo é triste, aliás, não mesmo. O bairro da Lapa é tradicional para a boemia da cidade e também para a rapaziada legalized. Espaços como a Fundição Progresso e o Circo Voador são patrimônios valiosos da cultura canábica carioca, assim como as belas praias e trilhas. Um grande pico, favoritado por diversos stoners experientes, é a Floresta da Tijuca, um lugar que qualquer leitor precisa conhecer e desfrutar.

De olhos vermelhos o que se vê é uma cidade partida, como diria Zuenir. E então  chegamos ao ponto que parece cuminante nessa reflexão. O Rio é urgente na necessidade de controlar o poder do tráfico e também reduzir os danos causados pelo consumo de drogas letais como o carck. O moleque favelado que aos 11 anos fuma maconha não pode ser comparado àquele que dos 11 aos 16 estudou sobre maconha para depois experimentar. Um possivelmente vai morrer de overdose com drogas pesadas e outro não. A educação, sob a égide da desigualdade social, aponta destinos falhos pelo viés da criminalização e do entorpecente. Retirar o monopólio da venda de drogas da mão dos traficantes seria pouco para tirar o Rio do estado em que se encontra.

Por aqui existe uma política chapadona de “choque de ordem” e “cidade da música”. As universidades querem proibir, enquanto na UFRJ o reitor diz: “Não controlamos e não há problemas”. No meio de batalhões especiais e pucs, o Rio ao menos conseguiu marchar com paz e beleza. O Rio como importante polo intelectual e de tradição cultural comprovada, tem importância no processo de legalização brasileiro, ou pelo menos assim deveríamos considerar. Como disse uma vez o leitor, na roda, se o “todos os famosos abraçassem a causa, provavelmente nossa luta nem se existiria mais”. A mobilização do Rio não conseguiu sequer eleger Gabeira para prefeito da cidade. E o que falar de nosso governador e secretário de segurança?  O Chapa2 encerra e, por hora, nada de fazer fumaça. Yoga político, porque o caos é crítico. Quem pega essa ponta? Será que Unzinho vai falar por Sampa? E a ANANDA, será que encara dizer como a coisa anda por lá?

 

11 comentários:

  1. A Marcha no Rio foi linda, de arder os olhos! E aqui em Sampa, proibida mesmo tendo ido ao parque do ibirapuera umas três veze sna tentativa de qualuqer manifestação, a cada dia que agente ia o contingente era menor! uma pena! Gostaria muito de ler uma reportagem sobre São Paulo.

    Ainda to tentando descobrir alguma coisa mais ridicula do que a proibição da maconha.

    Catarine

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  2. Muito bom o post!! Parabens hempadao!!

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  3. tá rodando linda essa roda!

    e o mais legal é o formato da hemportagem... o último texto tb vai ser o índice de todos os picos radiografados pelos escribas...

    é issaí

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  4. a marcha do rio foi linda mesmo, imperdível!

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  5. é, o post tá muuito bom mesmo. hempadão sempre mandando muito bem.

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  6. O Rio de Janeiro é indiscutívelmente maravilhoso!

    Com certeza se a erva fosse legalizada, seria melhor ainda!

    E sobre o que vc falou do consumo, eu sou um dos usuários, q nunca subi no morro pra buscar a danada...pago mais caro...

    vlw galera!

    Parabéns pela Hemportagem

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  7. Um dos melhores posts ja escritos. Muito bom mesmo.. Hempadao sempre mandando muito bem!

    Legalize!!

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  8. Bom pra caralhomemo o texto...
    não conhecia o blog...mas tão de parabens

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  9. Um grande alô ae pra rapaziada do hempadão. Sou carioca, há dois anos na subsistência. Já subi muita favela pra comprar e, até hoje ainda passo de moto rapidinho no "jaca" pra comprar o "pele do Hulk". Acredito que Rio e Sampa devem liderar esse movimento de tolerância e debates públicos em torno da cannabis. O que vemos por aqui é pobre x pobre ou, polícia x bandido. A real é que no Rio já existe tolerância ao uso de maconha, entretanto isso não é oficial, existe uma espécie de código onde o usuário não deve explanar muito para não afrontar a autoridade da polícia e, esta, por sua vez faz vista grossa direto! Atenção moçada carioca, em São Conrado fumar denro do carro é sujeira pois os motoquinha enquandram geral. Na Joatinga tá sujeira pois os cana ficam observando lá de cima de binóculo para depois cometerem achaques. Lembro também que o Rio tem um sério problema: muito marrento junto. O povo marrento! Aí é foda pq existe policial marrento, usuário marrento que queima o filme da massa cannábica e por aí vai. Sejamos humildes para conquistarmos nosso espaço e vermos aprovado nosso pleito. Sejamos "bonconheiros" !

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  10. ótima matéria! morei no Recife 10 anos e me mudei pro RJ há pouco tempo...chegando no RJ eu tive q fazer uma preparação psicológica BEM LONGA pra começar a invadir favelas e tal... De primeira, passando pela linha vermelha, já vi a polícia numa operação invadindo uma favela q eu n me recordo o nome. logo eu vi a batalha q eu teria pra conseguir minha ganja, mas, como não sou de me deixar levar pelo medo, faço a bendita missão tda semana, me expondo a riscos q muitos q moram fora do RJ nem imaginam q existam...

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