por Dr. Moura Verdini
A ação de toda subtância química depende de receptores específicos em determinadas células do nosso organismo que, ao receberem determinada substância vão desencadear processos químicos que causarão os efeitos fisiológicos característicos. Com os componentes da Cannabis não é diferente. Recentemente foi descoberta a existência de receptores canabinóides no nosso organismo. Tais receptores, presentes em alguns tecidos, são responsáveis pela captação de canabinóides como o THC e pela posterior produção de seus efeitos no organismo.
O primeiro receptor canabinóide (em verde nas figuras), descoberto em 1990, foi encontrado em células do cérebro e está presente em células de todo o Sistema Nervoso Central (SNC), além de em células do tecido adiposo (células de gordura) e do sistema nervoso entérico, que controla a digestão e o apetite. Pode ser encontrado também em células sanguíneas, nos músculos e em células do trato gastro-intestinal. Esse receptor é chamado de CB1. O segundo receptor canabinóide, o CB2, está presente em células do sistema imunológico, responsável pela defesa de nosso organismo contra patógenos. Esses receptores são responsáveis pela captação de canabinóides internos, como a anandamida e o 2-AG, que são produzidos no nosso organismo e responsáveis por ativar as funções do sistema endocanabinóide. Além desses dois mensageiros químicos existem antagonistas que, ao se ligarem aos receptores canabinóides ativam efeitos contrários aos dois mensageiros citados anteriormente que são agonistas. Existem ainda, dentro das células, enzimas capazes de destruir os endocanabinóides no momento de sua entrada, para evitar que seus efeitos perdurem por mais tempo que o necessário.
É de fundamental importância o conhecimento de como o sistema canabinóide se expressa nos diferentes órgãos, incluindo o SNC e o sistema digestivo, para que se possa conhecer melhor os efeitos do uso da cannabis e como este sistema endocanabinóide pode ser utilizado no controle de várias patologias, como obesidade mórbida e tantas outras que já foram citadas aqui no Discovery Hemp.
Os mensageiros endocanabinóides funcionam como mensageiros retrógrados, ou seja, agem inversamente à maioria dos mensageiros. Os neurônios estão interligados através de sinapses, que são regiões que ficam entre o final do neurônio pré-sináptico e o início do pós-sináptico. Dois neurônios nunca se tocam, então a sinapse é fundamental para a passagem de informações entre eles. Essa passagem ocorre na sinapse através de mensageiros químicos passando do pré-sináptico para o pós-sináptico. Porém, os endocanabinóides são produzidos no pós-sináptico e agem no pré. Isso se deve ao fato de eles serem moduladores locais, ou seja, eles modulam a passagem de mensagens entre neurônios. Quando ocorre um desequilíbrio celular eles são liberados e param a produção de mensageiros químicos nas sinapses. Quando são captados pelas células, os endocanabinóides são rapidamente destruídos. Portanto, a disponibilidade de endocanabinóides ocorre pela produção quando necessário e destruição após sua ação. Níveis anormais de endocanabinóides podem ser responsáveis por algumas patologias e disfunção.
Os endocanabinóides são capazes de modular a secreção hormonal, resposta imune e inflamatória, além de funções fisiológicas como a cardiovascular (altera frequência cardíaca e vasodilatação), a respiratória (hiper ou hipoventilação e broncodilatação), reprodutora (inibição da secreção de testosterona e relaxamento uterino) e ocular (diminuição da pressão ocular).
Futuramente o Discovery abordará outros aspectos importantes do funcionamento desse sistema.
Tabela 1. Localização dos receptores endocanabinóides.
CB1 • Córtex, Hipocampo
• Gânglios da Base
• Hipotálamo
• Cerebelo
• Medula espinhal
• Gânglios da Medula Dorsal
• Sistema Nervoso Entérico
• Adipócitos
• Células Endoteliais
• Hepatócitos
• Músculo
• Trato Gastrointestinal
CB2 • Sistema imunológico:
– Células T
– Células B
– Baço
– Amígdalas
– Células Microgliais Ativadas
Sempre bom e informar sobre cannabis
ResponderExcluira ciencia nao sabe praticamente nada sobre a cannabis!
ResponderExcluirNo brasile em outros paises e super dificil conseguir permissao para estudar a cannabis sativa,dai ja da para ter uma noçao do pq ainda "engatinhamos" no assunto.
Parabens pela editoria. Demais!
ResponderExcluirEnquanto tem gente bicando semente de maconha, o blog aqui dá show de informação...obrigado!!!
Informação preciosa!
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